segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Como utilizar o Sofrimento do trabalho como estratégias de luta




 

São inúmeras as reflexões, reclamações acerca do trabalho. Palavra que tem sua origem do latim TRIPALIUN, instrumento de tortura da idade média composto de três varas que esticavam o individuo, mesmo assim muitas pessoas afirmam que é o trabalho um dignificador do ser humano, contudo podemos dizer, ao analisar os meios de vida de sociedades ditas primitivas, tais como, os povos indígenas, agrupamentos africanos e aborígenes nos quais se tem uma visão da vida bem diferente da cultura burguesa capitalista desenvolvida principalmente a partir da Revolução Industrial.
Para esses indivíduos o importante é o aproveitamento da vida como um todo, talvez devido a isso eles têm um contato mais estreito com  a natureza, e o estresse, provocado por uma vida que corre atrás de metas e cobranças do mundo do trabalho nos leva a concluir que o trabalho tem razão de ser para ter sua origem num objeto de tortura, se tratando de algo  anti-natural do ser humano que procura a felicidade e a auto realização no dia a dia e muitas vezes preso em  metas impostas por um mercado competitivo e desumano, se sente um peixe fora d'água.
Porém absorvidos por esse modelo globalizado e internalizando suas cobranças, muitas pessoas agora procuram a realização e felicidade no modelo capitalista do trabalho, que prega a competição, o esforço, pessoal, coisificação, onde se vale pelo que se tem e não pelo que se é. (a autora chama a isso de crise da civilização).
Prezo nessa busca incessante de realização pautada no prazer, por vezes irrefletido, conduz as pessoas ao um nihilismo e torna a sociedade insatisfeita.
Como estratégia de luta frente a essa situação é necessário recuperar a visão de conjunto, trabalhar em grupo, fortalecer o conceito de classe, buscar espaço, auto valorizar-se e lutar pela valorização de sua profissão em conjunto com seus colegas.
E quanto ao sofrimento que muitos experimentam no trabalho e em decorrência dele, é preciso ter a consciência de que esse sofrimento nem sempre é culpa sua. Sentimentos de abandono e desvalorização aparecem principalmente à aquelas pessoas que são encarregados de cuidar de outras de inúmeras formas que ocasiona a Síndrome de Burnout, sendo assim é preciso parar refletir no cuidado de si, pois principalmente os profissionais como professores, as vezes se perdem no intuito de formar, politizar e cuidar de seus educandos, mas quem cuida deles? Desta maneira tem se que parar e cuidar antes de seus problemas no tocante ao emocional para ter forças e condições para oferecer um trabalho com mais qualidade.
Mas, como nos referimos acima é preciso fazer isso juntos, como uma classe, ir contra a ideia de individualidade pregado pela moral capitalista do consumo.
Poderíamos aqui enumerar os diversos problemas pelos quais os professores passam: falta de motivação, problemas de vós, sentimento de abandono e desvalorização, mas estaríamos como se diz popularmente “chovendo no molhado”, pois tudo isso já sabemos, o importante é unidos com um sentimento de classe tentar resolver esses dilemas e dificuldades, uma vez que incumbidos da tarefa sublime de educar possamos elaborar técnicas para utilizar o “sofrimento” no trabalho a nosso favor, como um motor a nos impulsionar contra as dificuldades.
Sabemos muito bem que o profissional da educação se sente por vezes isolado, só contra todos os encargos, burocráticos, psicológicos, educacionais e inclusive os dramas de famílias que na maioria das vezes não possuem o mínimo sustento e estrutura familiar básica.
O ideal trazendo o pensamento de Aristóteles seria a valorização do ócio criativo, ou seja, dar mais tempo ao professor para que se aperfeiçoe em sua área e consiga preparar aulas melhores, mais criativas e estimulantes. Pois, enquanto o docente se sobrecarrega de mil tarefas, triplicando sua jornada de trabalho, se isola e não consegue assim fazer valer estratégias de luta pela realização de um trabalho a contento.

Eu estou revoltada, acho que todos os professores estão revoltados. Não está sendo justo. Cada profissional está sofrendo isoladamente e não está acontecendo uma discussão maior para se tomar providências em relação a isto. É tratado como problema de saúde individual. (professor/a apud Andrea Caldas).

Sabemos dos problemas, e temos que ter claro que para resolvê-los não temos fórmulas proféticas, precisamos colocar os pés no chão, criar consciência de classe para juntos lutar e conseguir as mudanças necessárias à felicidade no trabalho em detrimento do sofrimento.

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